Gandra d'Almeida demite-se da direção executiva do SNS após polémica sobre acumulação de salários


Gandra d'Almeida apresentou esta sexta-feira a sua demissão do cargo de diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS). A decisão surge na sequência de uma reportagem da SIC que revelou uma possível acumulação irregular de salários entre a função pública e consultorias privadas. A polémica lançou uma onda de críticas que tornou insustentável a continuidade do responsável à frente do organismo.  

Na reportagem, a SIC denunciou que Gandra d'Almeida estaria a receber, em simultâneo, o vencimento correspondente ao cargo de direção executiva do SNS e pagamentos relacionados com consultorias prestadas a entidades privadas no setor da saúde. A acumulação de remunerações, caso não devidamente autorizada, é incompatível com a lei da administração pública, o que levantou sérias questões éticas e legais.  

Em comunicado, Gandra d'Almeida justificou a sua saída como uma decisão tomada "em nome da estabilidade do SNS e para evitar danos à credibilidade da instituição". O responsável garantiu que as suas atividades profissionais foram conduzidas "em estrito cumprimento da lei" e que a sua saída não constitui uma admissão de irregularidades. Contudo, anunciou que solicitará uma auditoria independente para esclarecer as acusações.  

A demissão gerou reações imediatas no meio político e entre os profissionais de saúde. O ministro da Saúde, embora não tenha confirmado a existência de irregularidades, afirmou que a situação era "grave e merecia um apuramento célere". Fontes próximas do Ministério indicam que a saída foi negociada para evitar maiores danos reputacionais ao SNS.  

A Associação Médica Portuguesa (AMP) manifestou preocupação com a instabilidade gerada na liderança do SNS, num momento em que o sistema enfrenta graves desafios, como a sobrecarga dos serviços de urgência e a carência de profissionais. "É essencial garantir transparência e reforçar a confiança dos cidadãos nas instituições públicas", disse o presidente da AMP.  

Entretanto, a oposição política não poupou críticas ao governo, exigindo maior rigor na nomeação de altos cargos. "O caso Gandra d'Almeida expõe a falta de mecanismos eficazes de supervisão no setor público", declarou um deputado da oposição, acrescentando que o episódio prejudica ainda mais a imagem do SNS junto da população.  

Com a saída de Gandra d'Almeida, o Ministério da Saúde anunciou que já está a trabalhar numa solução provisória para garantir a continuidade das operações no SNS. Espera-se que o processo de seleção de um novo diretor seja conduzido com máxima transparência, num esforço para restaurar a confiança no sistema de saúde.

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