
A crescente falta de recursos no Serviço Nacional de Saúde (SNS) está a ter um impacto preocupante no tratamento dos doentes oncológicos em Portugal. A escassez de profissionais, os tempos de espera prolongados e a sobrecarga dos hospitais estão a dificultar o diagnóstico e o acesso a terapias essenciais, colocando em risco a vida de milhares de pacientes. Especialistas alertam que a demora no início dos tratamentos pode comprometer significativamente as chances de sobrevivência.
Os médicos e associações de doentes têm denunciado a incapacidade do SNS em responder à crescente procura por cuidados oncológicos. A falta de oncologistas, enfermeiros especializados e equipamentos modernos faz com que muitos doentes esperem meses por uma consulta ou um exame essencial. Segundo dados recentes, algumas unidades hospitalares registam atrasos superiores ao recomendado para cirurgias e início da quimioterapia, aumentando a taxa de complicações e reduzindo as opções terapêuticas disponíveis.
A pressão sobre o SNS não se limita à falta de recursos humanos e tecnológicos. O aumento da incidência de cancro, aliado ao envelhecimento da população, tem levado os hospitais a operar no limite da sua capacidade. Muitos profissionais relatam estar sobrecarregados e sem condições para oferecer um acompanhamento adequado, o que pode resultar em erros clínicos ou tratamentos menos eficazes. Essa situação gera também um impacto psicológico negativo nos doentes, que enfrentam a incerteza e o medo da progressão da doença.
As associações de doentes têm apelado ao governo para reforçar o investimento na oncologia, garantindo mais contratações e melhores condições de trabalho para os profissionais de saúde. Além disso, defendem a necessidade de descentralizar os serviços e aumentar a colaboração com o setor privado para reduzir os tempos de espera. No entanto, até ao momento, as respostas têm sido insuficientes, e os problemas persistem, agravando as desigualdades no acesso ao tratamento.
Sem medidas urgentes, o cenário poderá tornar-se ainda mais grave nos próximos anos. Especialistas alertam que o cancro continuará a ser uma das principais causas de morte no país e que a falta de resposta adequada poderá levar a um aumento significativo da mortalidade evitável. A pressão sobre o SNS exige soluções imediatas para garantir que os doentes oncológicos recebam o tratamento necessário dentro dos prazos recomendados, evitando consequências irreversíveis.